Duran Duran pela ótica de John Taylor

Simon e J. Taylor

O baixista John Taylor – que deve ter inspirado o Paulo Ricardo, em algum momento – e o grande parceiro de banda, Simon Le Bon: Melhores amigos…

Quatro ou cinco coisas que você deve saber sobre o Duran Duran…

…Que nem está entre as minhas bandas prediletas, mas como estou lendo a biografia do baixista, John Taylor… (No Ritmo do Prazer, Amor, Morte e Duran Duran)…

Era a banda preferida da princesa Diana…

A banda lançou moda com aqueles blazers com ombros proeminentes…

O nome da banda foi inspirado no vilão do filme de ficção científica “kitsch”, “Barbarella” (1968), o velho miserável, Durand Durand, vivido por Milo O’Shea…

John Taylor, um dos fundadores da banda, queria ser aviador, mas se voltou para o rock por causa do punk. Começou a tocar guitarra, mas mudou para o baixo depois de ouvir “Everybody Dance”, do Chic…

O baixista John Taylor já bateu boca com Sting quando era um ilustre desconhecido, durante apresentação do trio na Universidade de Birmingham por causa dos Heartbreakers do Johnny Thunder…

Chegou uma época que havia uma overdose de Taylor na banda…

Só sentiu que a banda ia mesmo decolar quando Simon Le Bon rascunhou algumas letras enigmáticas em cima de um arranjo que a banda trabalhava: “A poesia tinha chegado”…

* Este texto foi escrito ao som de: Duran Duran (1981)

Duran Duran

Basquiat no Brasil

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O artista foi um dos primeiros afrodescendentes a brilhar nas artes plásticas…

Tá rolando no CCBB-SP exposição do artista plástico nova-iorquino, Jean-Michel Basquiat, ícone da cultura pop dos anos 80. Antes de conferir a mostra, vale ver a cinebiografia realizada em 1996 por Julian Schnabel sobre o artista.

A origem pobre, os dias de morador de rua e os tempos de grafiteiro que o levaram ao jovem talento das telas após ser descoberto por Andy Warhol (David Bowie), o estrelato, as dificuldades de lidar com o sucesso, o esnobismo e a hipocrisia da sociedade de Manhattan que o via como um “pretinho do mundo da arte”.

A caracterização do artista feita por Jeffrey Wright está sensacional, assim como a radiografia da cena decadente, porém criativa da cultura em Nova Iorque nos idos dos anos 80. Pode não ter nada a ver, mas toda vez que vejo o trabalho visual dos discos do britpop, lembro do Basquiat…

Ícaro

Icarus 2

O cientista perseguido Gregory Rodchekov e o diretor Bryan Fogel. Filme tem pegada investigativa… 

Comprado pela Netflix pela bagatela de US$ 5 milhões, o documentário, “Ícaro”, o mais incisivo concorrente da categoria ao Oscar 2018, já chama atenção pelo cartaz, no qual um atleta aparece como um fantoche.

Era para ser um filme em que o diretor Bryan Fogel, na condição de ciclista amador, iria provar que o sistema de antidoping na Europa era falho, mas a história ganhou uma guinada de 360º com a revelação dos bastidores do maior escândalo do esporte nas últimas décadas, quando se traz à tona os detalhes, por meio de um cientista russo desertor que parece ter saído de romance de George Orwell, o maior esquema de doping criado há anos pelo governo russo.

Com forte pegada investigativa, a trama é cheia de reviravoltas e prende atenção despectador pelo clima de suspense. Lembra o polêmico documentário canadense, “The Corporation”, flertar com o fantasma de Edward Snowden, o espião traidor norte-americano, e, mesmo com certo clima demódé de Guerra Fria, compromete a credibilidade das autoridades de um dos maiores países olímpicos, a Rússia de Vladimir Putin.

O documentário “Visages, Villages”, de Agnés Varda, é bonitinho e talvez franco favorito ao prêmio de Melhor Documentário, mas se isso acontecer será só por sentimento de culpa. “Icarus”, pela ousadia do tema e furo, é o mais revelador e merecedor da estatueta.Ícaro

O Poderoso Chefinho

Poderoso Chefinho.jpgDas três animações que vi, dos cinco que concorrem ao Oscar 2018, “O Poderoso Chefinho” é o mais chato e pretensioso. Nada a ver com a sensibilidade tocante de “O Touro Ferdinando”, do brasileiro, Carlos Saldanha, que trás a história deste brutamonte, apaixonado por flores, ou a reflexão metafísica sobre a morte em “Viva – A Vida É uma Festa”, o meu favorito.

Do mesmo diretor de “Madagascar”, a história deste bebê executivo que chega para atazanar a vida do irmão mais velho – agora enciumado e inseguro no seu posto de filho predileto -, ao mesmo tempo que tenta armar um complô empresarial, até arranca boas gargalhadas, emociona pelo sentimentalismo previsível de cenas fofuchas, mas peca por não saber explorar de forma mais complexa e humana uma faixa-etária tão fascinante.

A Dama e o Vagabundo

A Dama e o vagabundoEla tinha um sorriso de anjo tão cativante. Acho que ela ainda tem um sorriso de anjo cativante… Mas só que agora embotado pela soberba e arrogância… De pé, no ombro do gigante, nariz empinado e postura de rainha, ela se sente acima do bem e do mal, a deusa do tudo e do nada, mais do nada do que do tudo e o triste é que nem se dá conta disso: “Eu tenho gente que faz isso pra mim”, delira.

Ele gostava de quando ela era do seu tamanho. Agora ela é “grande” e tudo parece tão estranho… Falso… Vazio… Mas acho que quando ela cair na real vai ser tarde demais, pelo menos entre os dois e isso o deixa tão desolado como um náufrago num mar de tristeza…  “A vida inteira que podia ter sido e que não foi”, Manuel Bandeira.

Lembrou-se do dia em que ela o alertou, bem ali, em frente ao portão da firma, sobre os perigos entre a realidade e a fantasia, ou seja, ele “estava vendo filme demais”… “Daí confunde as coisas”, alfinetou a tolinha, mal sabendo que a vida imita a arte, a arte imita a vida…

Que fantasia as pessoas acharem que são melhores do que as outras ludibriadas pelo teatro do poder, do sucesso, do dinheiro. Tudo tão efêmero e passageiro, tudo tão sem valor, diante das grandes perdas da vida. Daquilo que realmente gostamos… Quem é injusto e ingrato? “Cínico é aquele que sabe o preço de tudo e o valor de nada”, Oscar Wilde.

Quando ele mais precisei dela, ela lhe deu as costas, fingiu que ele fosse um “nobody”. Mas tudo bem. Ela é uma nota de US$ 100 dólares e ele um níquel furado. Ela é a Mulher Maravilha, ele um mujique de Tolstói. Ela é a princesa do coração de todos nós, ele um anão na terra de gigante. Ela é a dama, eu o vagabundo…

Amanhã, quando ele não estiver mais aqui, talvez ela se dê conta do tamanho da admiração e dedicação que ele tinha por ela. Mas será tarde demais, tudo não passará de uma sombra de equívoco e melancolia. Tomorrow Never Knows… Quem sabe um dia suas crianças a perdoem…

* Este texto foi escrito ao som de: Tigermilk (Belle & Sebastian – 1996)