Harry: O patinho feio de Buckingham

Esbanjando simpatia e simplicidade, príncipe Harry encanta brasileiros em sua primeira passagem pelo país

Sim, é verdade, assim como você eu chorei um vale de lágrimas quando a princesa Diana morreu. Era só ouvir aquela baladona melosa do Elton John, Candle in the wind, e o choro convulsivo começava. Para mim, vai ficar para sempre a imagem dos dois filhos dela na cerimônia de despedida.

Meu sentimento de tristeza não tinha nada a ver por esse fascínio boboca que parte do povo colonizado e deslumbrado daqui tem, pela realeza, não mesmo, com essa bobagem de príncipes e princesas encantadas, castelos e tudo o mais.

E por que, afinal, eu chorava tanto pela morte da princesa Diana? Ora, bolas, simplesmente porque eu gostava e admirava aquela figura frágil, como uma porcelana rara, que era a Lady Di. E, sobretudo, pela simplicidade, apesar de toda pompa que a cercava.

Well, Príncipe Harry esteve por aqui para lançar a campanha Great, promovendo o Reino Unido neste ano de Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth e dos Jogos Olímpicos, mas já foi embora. Partiu, mas não sem antes conquistar o coração de milhares de brasileiros com sua simpatia de meninão e simplicidade que herdou da mãe. O big mouth, Morrissey, em show pelo país, desdenhou, dizendo que o representante da monarquia inglesa só estava atrás do nosso dinheiro, mas o ex-líder do Smith também, não? Ou afinal os ingressos para os seus shows são de graça?

Meio que o patinho feio do palácio de Buckingham, Harry, que é o terceiro na linha de sucessão ao trono real da Inglaterra, faz pose de rebelde sem causa, mas sabe muito bem do papel social que tem diante da comunidade mundial. Claro, seu passado de bebedeiras e farras na noite londrina o condena, mas que atire a primeira pedra aquele que nunca cometeu uma bobagem.

Hoje, ao lado do irmão William que, embora também simpático, está longe de ter o mesmo carisma do irmão caçula, mesmo com a cara da sua mãe, Harry tem a missão de tocar os vários projetos sociais que eram mantidos por ela, mundo afora. Daí a sua visita ao Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, por exemplo.

Teve muita piriguete por aí no Brasil que ficou assanhada, assanhadíssima, achando que ele fosse sair de um castelo, no meio do Centro do Rio de Janeiro, montado num cavalo branco, tão branco quanto ele, gritando com espada na mão: “Meu reino por um cavalo!”, mas Harry não é Ricardo III e, pelo visto, parece não curtir muito Shakespeare, não… Preferiu jogar rugby com crianças carentes na praia, sambar, tomar caipirinha e, quando ninguém estava olhando, tirar sarro com a popularidade da família real, usando uma máscara do irmão William.

E eu?! Bem, eu, só fiquei curtindo de longe a simpatia do patinho feio de Buckingham. Se eu pudesse, faria dele o rei da New England, o rei da minha pátria, o rei do meu reino, só para mostrar para muita gente que banca a alteza por aqui, com quanto carisma e simplicidade se faz um monarca de verdade.

No Brasil, as pessoas fazem pose de majestade sem ser nada, sem ser ninguém. São soberbas e esnobes sem ser reis e rainhas.

* Este texto foi escrito ao som de: Porcupine (Echo and the bunnymen – 1983)

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