Overdose de Alfred Hitchcock, mas e Bsb?

Alfred Hitchcock será homenageado em mostra completa no Brasil

“Sempre achei que o crime devia ser tratado com delicadeza”, disse certa vez Alfred Hitchcock, quem, aliás, entendia muito bem do assunto. “O crime deveria ser uma experiência agradável, inclusive para a vítima”, defendia. E pelo que parece era mesmo. Se você duvida, é só prestar atenção nos seus 54 longas-metragens, três curtas e 117 episódios da série de televisão que serão exibidos na mostra Alfred Hitchcock Presents no CCBB do Rio de Janeiro e de São Paulo neste mês de junho e julho.

Espero que o encontro venha para Brasília, o que, a princípio, não irá acontecer, conforme comunicou a assessoria do espaço. Confesso que não entendi esse impasse da curadoria do evento e espero que a direção do CCBB resolva o imbróglio. Nós, cinéfilos, aguardamos com ansiedade.

Mestre do suspense, gênero que praticamente criou, o inglês Alfred Hitchcock tinha um jeito peculiar de contar suas histórias. Talvez por isso e por outras razões tenha sido único assim como os colegas Federico Fellini, Woody Allen e Charles Chaplin. “Até o fim do século, haverá mais livros sobre Hitchcock do que sobre Marcel Proust”, vaticinou em 1966, François Truffaut, que realizou talvez a mais completa, minuciosa e instigante entrevista com o seu ídolo. Empreitada publicada num livro luxuoso pela Companhia das Letras, uma verdadeira peça de colecionador.

Bem, mesmo que a mostra Alfred Hitchcock não venha para Brasília, é uma chance única de ver seus filmes em película na telona. Portanto, se você tem parente em São Paulo ou Rio de Janeiro, trate de arrumar um jeito de conferir o evento. Vocês irão ver como o diretor transitou com desenvoltura nos mais diversos gêneros, assim como em todas as fases do cinema, inovando em técnicas revolucionárias numa época em que os efeitos especiais eram vistos como arte.

Obras como Um corpo que cai, Janela indiscreta, Disque “M” para morrer, Intriga internacional, Os pássaros, e claro, Psicose, não são apenas obras-primas da sétima arte, mas verdadeiras relíquias de um estilo de fazer cinema que não se verá jamais.

E tem mais. Se você estiver de bobeira no Leblon, de uma passadinha no teatro de lá para ver a peça Os 39 graus, adaptação de um dos primeiros filmes do diretor que leva o mesmo nome.

Rodado em 1935, o filme conta as peripécias de Robert Donat, um canadense de passagem por Londres que se mete numa grande confusão quando uma mulher que conheceu no teatro aparece morta em seu quarto. A montagem carioca é dirigida por Alexandre Reineck e traz no elenco Dan Stulbach, Danton Mello, Fabiana Gubli e Henrique Stroeter. Vi uma entrevista com Stulbach na GloboNews falando sobre o espetáculo e fiquei com o cérebro coçando de vontade de ver.

* Este texto foi escrito ao som de: The great escape (Blur – 1995)